quinta-feira, 28 de abril de 2011

Formação Médica

Os primeiros contatos com pacientes leva a uma desidealização do fato de ser médico que pode ser comparado a um estado semelhante ao luto, uma manifestação psicológica relacionada às perdas em geral. Luciano Souza é o autor da pesquisa Prevalência de sintomas depressivos, ansiosos e estresse em acadêmicos de medicina, apresentada em janeiro na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Mas o estudo foi realizado com 223 alunos do primeiro ao sexto ano, da Universidade Federal do Paraná.

A residência médica e os primeiros contatos com pacientes são fatores que podem estar diretamente ligados à incidência de sintomas depressivos em estudantes de Medicina. O contato com o paciente é muito aguardado e idealizado pelos alunos. Contudo, devido às dificuldades e limitações pela qual o aluno passa neste contato, acaba ocorrendo uma perda da idealização de ser médico.

Esse é o principal fator que atrapalha a qualidade de vida e a sociabilidade do aluno. O autor conclui que é importante frisar que o que mais foi detectado pelo estudo foi um sentimento de luto e não um quadro clínico de depressão. Porém, mesmo no estado de luto, o aluno pode se fechar para relacionamentos. A pesquisa mostra que as turmas dos terceiros anos foram as que apresentaram maior incidência dos sintomas depressivos, como perda de energia, humor deprimido, dificuldade de concentração, entre outros.

O estudo baseou-se em dois questionários sociodemográficos: o Inventário Beck de Depressão (IBD) e o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE).

O estudo também revela que após superar a grande concorrência dos vestibulares para as faculdades de Medicina, o aluno passa por uma mudança de metodologia de ensino, o que é altamente estressante. Do cursinho para a faculdade, há uma mudança na forma de transmissão de conteúdo. O aluno percebe que ele não tem tempo de estudar ou ler tudo, ou seja, não consegue saber tudo, e isso é fonte geradora de estresse, o que pode inclusive resultar no adoecimento do aluno. Além disso, ainda existe a apreensão – ansiedade – de não poder ajudar ou de não saber lidar com a perda de um paciente, ou de não ser capaz de estar junto de uma pessoa doente.

Fonte: Boletim USP 24/Abril/2011

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